Morar
A dimensão do Morar aqui trabalhada se apoia na tradição da construção de barro, conhecida também como pau a pique ou taipa de mão.
As técnicas de construção utilizam também materiais naturais como paus, folhas e fibras vegetais. Reinventada e aprimorada, atualmente passou a incorporar mais elementos da bioconstrução, com arame, garrafas pets, telhados verdes, entre outros.
Na região do Vale do Paraíba, é possível encontrar essas casas, construídas coletivamente por meio dos mutirões. As construções vão ganhando forma ao som do brão, que vem de “bão”, de bom: um canto de trabalho que embala os encontros de capina de roça e barreamento de casas. Em cada verso do brão, uma charada se apresenta, numa brincadeira de adivinhação que conduz e anima o trabalho; a poesia, também entoada com o canto, alivia a dor da labuta. Forma-se, assim, um belo rito da cultura popular do Vale, transmitido por meio da memória e oralidade.
A força da ideia de comunidade é muito presente nesse saber-fazer. As práticas solidárias entre vizinhos são constitutivas do cotidiano, em que o grupo divide responsabilidades e partilha o trabalho.
O Morar, dessa maneira, torna-se símbolo de expressões culturais marcadas por uma convivência vicinal que promove a criação e o fortalecimento de laços, contribui para integração do grupo e para a consolidação de um modo de vida apoiado na autossuficiência. Os personagens aqui retratados são Biskui, Yuri, Ditão e os cantadores de brão Agenor Martins, Zé Liano e João Gino.